Fliporto leva futebol e literatura para o Sítio Histórico de Olinda

Com números cada vez mais vultosos, começa, nesta quinta-feira (14), mais uma edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), que homenageia, este ano, o escritor paraibano José Lins do Rego, sob o tema “Literatura é um jogo”. Até domingo (17), são esperadas 90 mil pessoas circulando pelos vários espaços do evento, mais uma vez montado no Sítio Histórico de Olinda – e todos com acesso gratuito, desta vez.

Neste nono ano, o principal dos espaços continua sendo o chamado “Congresso literário”, onde acontecem os painéis de discussão com escritores nacionais e estrangeiros convidados pela curadoria da festa. Entre os 60 autores chamados este ano, um dos destaques é a jornalista espanhola Pilar Del Río, viúva do Nobel português José Saramago, que faz a conferência de abertura, na noite desta quinta. O painel, “Escrever não me dá prazer, ter escrito, sim”, fala do processo de criação em Saramago, tentando decifrá-lo através da autora, que é também tradutora da obra dele para o espanhol.

Em relação ao homenageado, a ligação de “Zé Lins” e a temática do futebol vai ser explorada ao longo da programação. Além de romancista e ensaísta, o autor era um apaixonado pelo Flamengo. Três gerações da família dele estarão presentes na Fliporto: a filha, uma neta e um bisneto, em uma mesa especial para revelar o escritor na intimidade. O futebol também ganha corpo na discussão “Por que o futebol brasileiro é ainda mais que do que a literatura?”, com Juca Kfouri, Marcelo Backes e Francisco Viegas, sob mediação de Samarone Lima.

Um terceiro destaque da programação é a entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman, gravada em Leeds, na Inglaterra, que será reproduzida na Fliporto no dia 16 de novembro, às 17h15. Temas atuais, como a onda de protestos ocorrida no Brasil e espionagem internacional, entre outros, permeiam a entrevista, comentada pelo economista Sergio Besserman Viana e pelo jornalista Silio Bocannera. Para conseguir ingressos para o congresso literário, é preciso se inscrever pela internet. Cada CPF dá direito a duas entradas por palestra.

A Feira do Livro, espaço que vai reunir estandes de 52 editoras, colocará 200 mil títulos à venda e tem uma programação de 166 lançamentos ou tardes de autógrafos, até o domingo. A literatura de cordel também ganha uma área própria, com a estreia da Fliporto Cordel, que terá uma agenda com a participação de 25 cordelistas. Eles vão declamar seus poemas no coreto da Praça do Carmo, ao lado da Feira do Livro.

Além do congresso, da Fliporto Cordel e da Feira do Livro, o evento conta ainda com a Fliporto Criança (programação infantil), Nova Geração (programação juvenil), EcoFliporto (discussões sobre ecologia e sustentabilidade), E-porto Party (debates sobre a relação entre tecnologia e literatura), Fliporto Gastronomia (circuito de restaurantes) e o Cine Fliporto. Este último, este ano, sai das instalações da Faculdade de Olinda e ganha a colina da Igreja do Carmo.

Trânsito
A partir das 14h desta quinta, o acesso de veículos ao perímetro do Sítio Histórico onde acontece a Fliporto passa a ser restrito aos moradores. De acordo com a Prefeitura de Olinda, seis bloqueios estão montados no entorno do Parque do Carmo, sendo três na Avenida Liberdade, um na Rua Justiano Gonçalves, outro na Rua Manoel Ribeiro e mais um no cruzamento da Rua 10 de Novembro com a Rua Dom Pedro Roser.

De sexta (15) a domingo (17), os bloqueios começarão mais cedo, às 9h. Quem for de carro poderá estacionar ao lado dos Correios, no Fortim do Queijo, na Rua do Bonsucesso, na Academia Santa Gertrudes e na Praça Dantas Barreto. Para quem optar pelos táxis, os pontos mais próximos à Feira são os da Praça do Carmo, Varadouro e em frente ao Colégio São Bento – Olinda conta, hoje, com uma frota de 806 táxis. Sessenta agentes da Secretaria de Trânsito vão trabalhar, durante o evento, na fiscalização e orientação de motoristas e pedestres.

Veja, abaixo a programação completa do Congresso literário. Os resumos das conferências são de autoria da organização da Fliporto.

QUINTA, 14 de novembro

>> 19h Abrindo o jogo: Pilar del Río fala sobre José Saramago: “Escrever não me dá prazer, ter escrito, sim”.  Apresentação de Rui Couceiro

Apesar da rima perfeita – escrever e prazer – para alguns a satisfação está muito mais na obra feita, e não propriamente no processo de elaboração. José Saramago era um deles. Ninguém melhor para falar disso do que sua mulher, Pilar del Río, que tanto o ama e traduz. Se, como afirmou Maiakovski, “a poesia é uma indústria, das mais complicadas, das mais difíceis, mesmo assim uma indústria”, não foi muito diferente, em prosa e verso, com o Nobel de Literatura português, e nós saberemos a razão.

SEXTA, 15 de novembro

>>10h30 – Juca Kfouri, Marcelo Backes e Francisco José Viegas, com mediação de Samarone Lima – Por que o futebol brasileiro é ainda mais rico do que a literatura (a seu respeito)

Não faz muito tempo, os bons contos, poemas e narrativas de diversos tipos em torno do futebol primavam pela escassez. O mais popular esporte no Brasil dava seus melhores frutos na crônica. E para muitos continua a ser esse ainda o gênero que consegue traduzir melhor o que acontece dentro e fora das quatro linhas do gramado. Seria mesmo assim? Em debate, um dos mais conhecidos e importantes críticos do esporte (especialmente o futebol), Juca Kfouri, um romancista brasileiro cujo mais novo livro tem o futebol incorporado à sua história (Backes: O último minuto), e um escritor português (Viegas), que também glosou o futebol em sua obra, dá a visão do que ocorre em terras lusitanas (Morte no estádio é um exemplo). Alinhavando a conversa, o jornalista e poeta Samarone Lima, torcedor fanático do Santa Cruz Futebol Clube que, com Inácio França, acaba de lançar um livro inteiro sobre sua paixão: A raça é negra, volume I da Trilogia das Cores.

>> 14h – Robert Löhr, Ignacio del Valle e Ioram Melcer, com mediação de Cristhiano Aguiar – Literatura: qual é o jogo? De Júlio Cortázar ao jogo de xadrez e do romance policial ao que vier na memória.

O Jogo da Amarelinha (Rayuela) é quase por antonomásia o exemplo que vem à mente quando se fala de jogo e literatura. Especialmente nos cinquenta anos do lançamento desse livro e às vésperas do centenário de nascimento do seu autor. Tal é a riqueza da obra do argentino que despertou interesse e leitores até nos mais variados países. Um exemplo notável é a tradução publicada neste ano em Israel, que foi lá considerada o acontecimento cultural do ano. Seu tradutor, Ioram Melcer, enfrentou também os desafios de outros relatos do grande narrador: Octaedro e Final del Juego, e dirá como é possível ganhar esse jogo de fazer falar em hebraico o ludismo castelhano. Neste painel, um escritor espanhol, Ignacio del Valle, consciente das permutações e possibilidades que envolvem o leitor num jogo de gato e rato, o da literatura policial (ou novela negra, como lá se diz), traduzirá essas artimanhas para o público. No infinito tema do jogo e da literatura, são abundantes as pistas falsas, os blefes, as farsas, em intermináveis probabilidades. Porque o jogo de enganos também se insinua de modo quase irresistível no mundo do crime, e da fantasia humana. Um extraordinário exemplo disso é um livro muito sedutor que encanta e prende cada leitor: A máquina de xadrez, do alemão Robert Löhr, que também lançou no Brasil A manobra do rei dos elfos. Três dos grandes intérpretes do jogo na literatura, na atualidade, contarão sobre sua experiência particular, mas um pouco também das alheias.

>> 16h – Cartas na mesa: José Lins do Rego – muito além do Regionalismo e do Romance de 30 – Luciano Trigo, Bernardo Buarque de Hollanda e Ivan Marques, com mediação de Zuleide Duarte

“São notáveis os dotes de romancista do Sr. José Lins do Rego. O livro Doidinho, em que narra as aventuras colegiais de um pequenino roceiro, convencerá de que é assim a quem quer que o leia com atenção.” A resenha, no jornal O Estado de S. Paulo, publicada há 80 anos, continua válida hoje. Não por causa de um romance apenas, mas de toda sua obra. A ensaística, inclusive. A da crônica esportiva, por exemplo. José Lins é realmente um dos exemplos mais altos de autor que vale a pena ser “lido com atenção”. Para que a riqueza de sua prosa e de sua cosmovisão encontrem nas novas gerações tantos ou mais admiradores do que os seus contemporâneos. O painel provoca essa discussão e propõe como lê-lo além dos estereótipos e convencionalismos, dos tipos e paisagens de um só tempo e um só lugar, uma escola, um estilo. Há vida para o escritor além das classificações ordinárias?

>> 17h45 – Laurentino Gomes – Conferência: “O jogo do poder na República”

No dia 14 de setembro de 1889, um jornalista, que entrevistou o marechal Deodoro da Fonseca, o descreveu como “um homem de sessenta anos, alto, muito moreno, com a barba grisalha. Tem fisionomia inteligente e os olhos, muito pretos, são vivíssimos.” Ao indagar de uma missão no Mato Grosso, Deodoro responde: “Se tivesse de ir ao céu, São Pedro servir-me-ia de vaqueano, se tivesse de ir ao inferno, pediria a qualquer político que me guiasse.” E acrescenta: “Não tenho aspirações. Com dois ou três anos de vida, terei chegado ao mais alto posto do Exército, e cantarei no Império como galo de torre. Hoje, só aceitarei comissões bélicas.” Menos de dois meses depois, cantou de galo, derrubando o imperador, seu amigo. Como lembra Gilberto Freyre, em Ordem e Progresso, um inglês tentou explicar ao outro o que ocorrera, e classificou a proclamação da República do Brasil como “uma revolução muito sem classe: não houvera uma única morte para lhe dar dignidade ou sequer respeitabilidade”. Que há um jogo na busca por conquistar o poder, mesmo o mais inocente dos observadores não duvida. No caso da transição da Monarquia para a República no Brasil isso se verificou do modo mais irônico e pitoresco. Esses e outros aspectos ainda mais ricos serão comentados pelo jornalista Laurentino Gomes, que acaba de lançar um livro inteiro sobre a República – 1889, fechando a trilogia iniciada com 1808 e continuada com 1822.



>> 19h30 – Jogos poéticos e musicais – Recital de Rita Gullo e Manuel Lorente, com palestra de José Antonio González Alcantud

“Fala cantado”. É comum o uso dessa expressão no Brasil, especialmente para os que são do Nordeste. Mas, na verdade, são tantos falares e cantares que não estranha a existência de tanta música meio falada meio cantada no país. Claro que isso não é um particularismo brasileiro. Na matriz ibérica há variados e ricos exemplos. O andaluz talvez seja o mais luminoso deles. Neste painel muito especial, o canto falado e os aspectos lúdicos da poesia e da música podem ser fruídos tanto na teoria (uma conferência) quanto na prática (uma cantora de São Paulo e um cantor de Granada), em jogo poético e musical, dialogante, da Espanha com o Brasil. Emoldurando tudo uma homenagem a Vinicius de Moraes, quem porventura melhor sintetizou isso, vivendo os dois reinos da poesia erudita e da música popular. E com muita sensualidade. Sensualidade que é, aliás, tão da carne e da alma do flamenco, ou, diria um Kierkegaard, da genialidade característica, definitiva e definidora da própria música.

SÁBADO, 16 de novembro

>> 14h – Ana Maria Machado e Ronaldo Correia de Brito, com mediação de Mona Dorf – O jogo aqui principia: escrever é retornar à infância?

Se o gênio nada mais é que a infância recuperada de modo deliberado, como queria Baudelaire, o que dizer da literatura? Um dos lugares-comuns literários dá conta de que a pátria do escritor é na infância. Mas, além dos clichês, a metáfora – e para outros, a metonímia – da infância é soberana. O jogo, a brincadeira, o faz-de-conta de um romancista se assemelha de algum modo às fantasias e imaginações de um menino? Seja como memória ou como experiência lúdica, que pontos em comum há entre essas três dimensões do sonho e da invenção humana: o jogo, a infância, a literatura?

>> 15h30 – Jogos da memória: José Lins do Rego na intimidade – Maria Christina Lins do Rego Veras, Valéria Lins do Rego Veras e Pedro Figueiredo Veras, com mediação de Maurício Melo Jr.

Ledo Ivo, num ensaio já antigo – publicado três meses após a morte de JLR, em 1957 – disse: “Ao iniciar sua vida literária, no espaço de tempo que vai desde a época estudantil no Recife de 1920 até 1929, ano em que integrado em sua ‘fase alagoana’, escreve Menino de Engenho, com o simples propósito de elaborar apenas um livro de memórias da infância, José Lins do Rego não pensava em tornar-se um romancista.” Mas que memória tem sua família daquele que foi por excelência o escritor da memória? Sendo o Brasil sempre recorrentemente citado como país sem memória, como sobrevive o grande escritor nas recordações dos seus? E como as novos leitores de hoje podem tomá-lo como o autor do presente, não do passado? Essas e muitas respostas, nos depoimentos de três gerações dos Lins do Rego: uma filha, uma neta, um bisneto.

>> 17h15 – Consumir, protestar, espionar e outros temas incômodos, no jogo da sociedade moderna em mudança constante – O sociólogo Zygmunt Bauman (em entrevista exclusiva gravada em Leeds, na Inglaterra), comentado pelo economista Sergio Besserman Vianna, em conversa com o jornalista Silio Boccanera.

Num tempo em que distância e proximidade são relativas, uma “presença” cada vez mais frequente é a proporcionada pelos meios eletrônicos. Conversas por computador – com imagem e voz -, videoconferências e gravações são meios legítimos de trazer para perto e de dialogar com quem não se pode estar face a face. Assim é que o sociólogo da “modernidade líquida”, Zygmunt Bauman, que vive na Inglaterra, está presente em Olinda, na Fliporto. Uma entrevista exclusiva, gravada especialmente para “trazê-lo” – já que não realiza longas viagens – foi feita com ele, em sua casa, sobre os grandes temas do momento. Suas respostas e as questões que ele suscita serão comentadas, “ao vivo”, pelo economista Sergio Besserman Vianna, numa entrevista, que gera uma curioso diálogo multiplicado: com o entrevistador – o jornalista Silio Boccanera, Bauman e o público presente em Olinda.

>> 19h – Francisco Azevedo e Maitê Proença, com mediação de Gerson Camarotti – O jogo da vida e do amor: as crônicas e as narrativas do que somos e sonhamos

O mais novo livro de Maitê Proença pode ser considerado como fruto de um jogo. Uma inteligente brincadeira na internet, em que a conhecida atriz e cronista foi reunindo uma série de crônicas de escritores e de não escritores, de gente famosa e de outra quase anônima, e sintetizou a experiência no livro É duro ser cabra na Etiópia. Na sua própria obra como autora, um tanto desse espírito livre, alegre e também grave está presente, como um permanente brinde à vida e ao amor. Não é muito diferente com o escritor Francisco Azevedo, um dos romancistas brasileiros mais importantes da atualidade, e autor de textos para teatro muito aplaudidos. Seu Doce Gabito e, por que não?, também o seu Arroz de Palma – traz o excelente ‘molho’ do lúdico, do humor e da sensibilidade inteligente, pois sem isso tudo não há boa literatura.

DOMINGO, 17 de novembro

>> 14h – Fernando Báez e Klester Cavalcanti, com mediação de Samarone Lima – Jogos de Guerra – duas conferências: 1) Báez: “Censura, mentiras e poder: a verdade da espionagem dos Estados Unidos no século XXI”; 2) Cavalcanti: “Um Jornalista Brasileiro na Guerra da Síria”

Se o ano de 1991 foi aquele em que a guerra começou a ser confundida por excelência com o videogame, e se 2001, gestou-se uma nova era da suspeita (da qual jamais suspeitaria talvez uma Nathalie Sarraute), este de 2013 é aquele em que um Big Brother plasmado, não na ficção, mas realidade, mais comentários gerou. Paralelas a isso, de modo nenhum desligado de todos esses fios, estão as guerras, e de modo muito específico e terrífico, o conflito atual desenrolado na Síria. Como testemunha ocular das atrocidades que acontecem naquele país, um repórter brasileiro. Ele viveu na própria carne, no sentido mais literal possível, o inferno, e sobreviveu para contá-lo. Acostumado a denunciar o extermínio de livros, bibliotecas, documentos e monumentos das culturas, o escritor Fernando Báez escrutinou a espionagem estadunidense, com o rigor ético e estético que tanto o caracteriza, e escreveu um livro sobre isso. Ninguém melhor do que um cientista da informação e um repórter para dizerem o que há por trás das máscaras da guerra e da bisbilhotice em escala planetária.

>> 15h45 – Andres Neuman, Luiz Ruffato e Andrea del Fuego, com mediação de Cristhiano Aguiar – Mais que um jogo de palavras: a importância do lúdico para um escritor

“Seja no mito ou na lírica, no drama ou na epopeia, nas lendas de um passado remoto ou num romance moderno, a finalidade do escritor, consciente ou inconsciente, é criar uma tensão que ‘encante’ o leitor e o mantenha enfeitiçado.” Isso é o que diz o holandês Johan Huizinga, no seu já clássico Homo Ludens. Mas, o que dizem os escritores? O jogo é tema de suas histórias e poemas? É lúdico o seu modo de escrever? Que estranha brincadeira é essa que fazem com as palavras? É também um tipo de jogo a relação do escritor com o leitor?

>> 17h30 – Sylvio Back e Miguel Gonçalves Mendes, com mediação de Marcelo Pérez – A cena do jogo, em texto e imagem: os escritores filmados

Os poetas não têm biografia? Sua obra é sua única biografia? No retrato que Miguel Gonçalves Mendes fez de Mário Cesariny tem-se a prova disso às avessas. Os poetas têm sua “autografia”, que é, aliás um dos poemas do grande surrealista português: “Sou um homem/ um poeta/ uma máquina de passar vidro colorido/ um copo/ uma pedra/ uma pedra/ configurada/ um avião que sobe levando-te nos seus braços/ que atravessam agora o último glaciar da terra.” Não é muito diverso o que faz Sylvio Back (cineasta-poeta, poeta-cineasta) com Cruz e Souza, no filme O Poeta do Desterro (aqui aproveitando-se, como um jogo de palavras, com o antigo nome da cidade natal do autor de Broquéis). Ambos, Sylvio e Miguel, ao filmarem um escritor, o firmam, fazem mais do que pô-lo em cena: dão-lhe uma vida na Vida, suscitam cada autor, à sua maneira, se está vivo, ressuscitam-no de um modo próprio se está morto: “Oh! que doce tristeza e que ternura/ No olhar ansioso, aflito dos que morrem.” O próximo longa-metragem de Miguel Gonçalves Mendes contará com o escritor valter hugo mãe como um dos principais protagonistas. Em pauta, a ambição de toda arte, uma busca: o Sentido da Vida.

>> 19h30 – O jogo não tem fim – Valter Hugo Mãe, em conversa com Sidney Rocha

Que é lúdica a literatura do escritor português valter hugo mãe não haverá dúvida para nenhum dos seus leitores. Tão lúdica que o seu jogo começa já a partir da forma de grafar o próprio nome: todo em minúsculas, como também o preferia o poeta e. e. cummings. Seu gosto pela música e a poesia, a variedade e riqueza de sua produção levam esse jogo a instâncias as mais estimulantes. Até no lançamento do seu novo livro, em Portugal, A desumanização, o jogo esteve bem presente: sua editora lusitana, a Porto, fez artistas plásticos (Filipe Rodrigues, Isabel Lhano, Joana Rego e José Rodrigues) interpretarem a obra e produziu posters com o resultado. Foram quatro mil posters-poemas distribuídos. O próprio autor participou do jogo. Mais uma prova de que, no seu caso, o jogo é, com trocadilho, uma interminável partida.



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